Frei José Rodrigues de Araújo (Frei Rodrigo) - OFMCap - Uma vida inteira dedicada a anunciar o evangelho de Cristo. Assim, em poucas palavras, pode ser definida a vida ministerial de Frei Rodrigo, 56 anos, com 41 anos de vida religiosa e 28 anos de sacerdócio.
Nascido na Vila Jenipapo dos Gomes, em
Tuntum no Maranhão, frei Rodrigo pouco se lembra da infância vivida no
interior, mas as memórias que ainda resistem são de uma família que sempre
soube dividir e ajudar ao próximo.
Segundo, frei Rodrigo: "seu pai Fernando
Leite de Araújo não era católico nem protestante. Ele simplesmente tinha fé.
Recebia padre e pastor da mesma maneira. Quando saíam para pescar, por exemplo,
voltavam com os peixes para dividir com todas as outras famílias que ali
viviam. E assim era com a carne ou qualquer outra coisa".
Outra recordação de frei Rodrigo é o
início dos estudos, ainda em Jenipapo dos Gomes: "meus pais sempre se
preocuparam com os estudos dos filhos. Como não tinham condições de pagar
escola para todos, mandaram a minha irmã mais velha, Ianê Araújo, mais
conhecida como Nenzinha, para estudar em Barra do Corda para depois ensinar aos demais filhos", ela foi a minha primeira professora”.
Aos sete anos, Rodrigo saiu de
Jenipapo dos Gomes e foi morar em Tuntum com Zacarias Leite e sua esposa Ângela,
os mesmos não tinham filhos e acabou sendo um pouco pai e mãe de criação de
Frei Rodrigo. Foi na sede do município que ele começou a vida religiosa como
coroinha na igreja da cidade.
Início
no Seminário
Em 1975, aos 15 anos, o frei Rodrigo
entrou no Seminário dos Frades Menores Capuchinhos, em Barra do Corda (MA).
Tanto Zacarias e Ângela Leite, como o seu pai senhor Fernando, não queriam dar
autorização, que foi conseguida depois que a sua mãe dona Gentileza, os
convenceu.
"Tudo o que eu vivi no seminário
me fez ser o que sou hoje: um homem decidido, com atitudes. Não se consegue
nada sem passar por provações. O seminário foi fundamental na minha
vida!", ressaltou ele, que ficou, durante quatro anos interno, estudando o
ensino fundamental, no Colégio Nossa Senhora de Fátima e em seguida veio
estudar o ensino médio, no Ateneu Teixeira Mendes.
"A partir dos 15 anos, minha vida
sempre foi a Ordem dos Frades Capuchinhos. Tanto que muitas pessoas gostam de
falar sobre as comidas preparadas por suas mães ou da diversão com os amigos.
Eu não. Lembro-me da comida do convento, do macarrão que os frades faziam. A
minha vida realmente começou no seminário", completou, contando ainda que
a rotina era bastante puxada: levantava às 5h, fazia orações durante o dia e
qualquer deslize o castigo era severo, como tomar café ou almoçar de joelhos.
Em São Luís, porém, essa rotina era um pouco mais leve.
Escolha
Quando terminou o ensino médio, ele
teve que se decidir: ficar ou sair da ordem. Apesar da família nunca ter
desistido de pedir para ele sair e já fazer planos futuros, o frei mostrou o
hábito que havia ganhado dos frades e afirmou que seguiria a via
religiosa.
Passou um ano no seminário da cidade
de Tuntum fazendo o noviciado, tempo em que leu bastante, foi testado de todas
as maneiras para saberem se realmente era essa a vocação.
Depois desse tempo, Rodrigo se dedicou
aos estudos acadêmicos. Cursou Filosofia e Teologia no Seminário Maior Nossa
Senhora da Conceição, em Belém (PA).
Ordenação
na terra natal
Assim que se formou em Belém (PA),
José Rodrigues de Araújo foi ordenado sacerdote na Igreja São Raimundo Nonato,
em Tuntum, sua cidade natal. "Foi um momento muito forte para mim. Saí de
lá cedo e voltei para ser padre lá na minha cidade", acrescentou.
O seu sonho era trabalhar em Tuntum,
mas lá foi apenas ordenado e logo transferido para São Luís, onde passou a
trabalhar como vigário na Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na
Cohab.
Em 10 meses de trabalho, frei Rodrigo
foi escolhido pelos superiores para fazer mestrado em Roma, na Itália.
"Fui ainda meio sem saber o que aconteceria. Por isso digo que as
oportunidades que apareceram para mim foram muito valiosas".
Concluiu em dois anos o mestrado em
Teologia Dogmática, na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Foi à ida
para a Itália que proporcionou ao frei o contato com João Paulo II e com Bento
XVI (ainda cardeal).
“Algumas vezes ajudei João Paulo II
nas suas celebrações e tive conversas com ele e também com Bento XVI quando
este era professor e cardeal”.
Destaque
Voltando para o Brasil, a vontade era
trabalhar em São Luís, mas os superiores o mandaram para Belém, onde foi
nomeado vigário paroquial da Paróquia São Francisco e foi professor durante quatro
anos no Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, onde já havia passado como
estudante.
Foi em Belém que começou a se destacar
no meio religioso. Ideias inovadoras e atitudes bem-sucedidas o levaram a um
desafio ainda maior. A partir de 1998, voltou para o Maranhão como pároco da
Paróquia de São Francisco, em Imperatriz.
"Lá, durante oito anos, consegui
fazer um trabalho admirado por muitos colegas e pela comunidade. Foi onde eu
consegui realizar o que eu queria", frisou o frei, que cursou pós-graduação
em Relações Humanas, na UNIGRANRIO, do Rio de Janeiro (RJ), colocando em
prática, na paróquia de Imperatriz, os conceitos aprendidos na
universidade.
Em 2006, foi eleito Ministro
Provincial dos frades da Província Nossa Senhora do Carmo do Maranhão, Pará e
Amapá, sediada em São Luís, ficando até o ano de 2011. Nesses seis anos a
frente da Província teve uma rotina de muito trabalho, viagens, orientações,
orações e celebrações e, no tempo livre, muita leitura.
Desse costume de leitura também surgiu
o prazer pela escrita. O frei já teve artigos publicados em vários jornais como
Jornal O Estado de São Luís, O Progresso de Imperatriz, O Liberal, de Belém
(PA). Nas revistas Paróquias e Casas Religiosas, de São Paulo (SP), e na Beach
& CO, de Santos (SP). Publicou, desde 1992, seis livros e agora em 2017
lança seu sétimo livro: Alegres na Esperança que contém mensagens reflexivas
retirados de seu programa na TV Mãe de Deus, afiliada da TV Nazaré.
Arte
O frei tem um carinho especial pelas
artes plásticas e por relíquias antigas. No período em que foi Ministro
Provincial conseguiu inaugurar o Museu de Arte Sacra da Igreja do Carmo.
De acordo com o religioso, foi difícil
conseguir apoio para a realização do projeto, mas dois amigos italianos investiram
na ideia e sustentaram a iniciativa. "Quis mostrar que podemos realizar
ações da Igreja sem necessariamente contar apenas com doações", explicou.
No processo de montagem do museu, o
frei contou que se deparou com várias peças antigas prontas para serem
destruídas. "A cada viagem ficava de olho nessas peças, muitas esquecidas
completamente. Eu vejo o valor que elas têm. Fazem parte da nossa história, da
história e consolidação da Ordem no Brasil", destacou ele.
Atualidade
Desde 2012 é pároco da Paróquia de
Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, na cidade de Capanema. Foi empossado no dia
12 de fevereiro, por Dom Carlos Verzelletti, bispo da Diocese de Castanhal.
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